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Doação de cachorro: como fazer da melhor forma?

cachorro sem raça definida de pelagem creme com branco, deitado no piso de madeira. Cachorro olha para a leitora com olhar triste, quase chorando. doacao-de-canina

A doação de cachorro não é uma tarefa fácil. Isso porque ela é um evento que pode ser traumático para o animal, para quem doa e para o novo tutor.

Nesse sentido, é importante que você se prepare para que seu amiguinho vá para uma nova família para ser feliz e também para fazer os outros felizes.

Doação de cachorro: então, o que o novo tutor deseja?

A doação de cachorro é uma moeda com duas faces. Assim, de um lado temos a instituição ou pessoa que doa e do outro lado temos quem se dispõe a adotar o animal.

As expectativas desses dois lados nem sempre são confluentes. Afinal, o novo tutor geralmente quer aumentar sua felicidade, ter seu estresse reduzido, além de ter companhia e diminuir sua solidão.

Por outro lado, o que o animal tem a oferecer pode ser bem diferente, já que cães disponíveis para adoção muitas vezes apresentam problemas das mais diversas origens.

Por exemplo, um levantamento feito na Irlanda do Norte demonstrou que, dentre os cachorrinhos adotados, 68.3% apresentavam problemas comportamentais, sendo o medo o mais comum. Ademais, entre os recentes tutores que devolveram seus animais, 89,7% relataram problemas de comportamento.

Surpreendentemente, muitos tutores adotam animais por status e prestígio. Todavia, essas pessoas são mais intolerantes quanto aos potenciais desvios de comportamento dos animais adotados.

A doação de cachorro tem menos chance de sucesso se aquele que adota o faz apenas pela beleza ou por outros aspectos de satisfação pessoal.

Se você quer saber mais sobre adoção de cachorro, eu recomendo que veja nossa matéria “Adoção de Cachorro: o amor supera qualquer barreira?

A doação de cachorro também tende a não dar certo quando o adotante quer dar o bichinho de presente. Entretanto, a pessoa que vai receber o animal pode, muitas vezes, não querer ou não ter como cuidar devidamente do indivíduo. 

Dito isso, veja a seguir como proteger quem vai, ou seja, nossos queridos animais.

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Doação de cachorro: como quem doa pode proteger quem vai?

Então, você pode perceber que os motivos para a adoção às vezes estão ligados a expectativas fantasiosas ou pouco nobres.

Assim, para proteger seu amiguinho, eu recomendo que você faça uma entrevista para verificar se os motivos do adotante se alinham à realidade.

1 – Antes de tudo seja sincero:

Deste modo, você irá verificar se o cão se adaptará às expectativas levantadas pelo adotante e se a pessoa possui condições de trazer bem estar aos animal adotado.

Portanto, você deve alertar o tutor adotante sobre os custos de manutenção de um cão. Sabemos que não são baixos e deveriam incluir pelo menos: alimentação de boa qualidade, vacinação, tratamento anti pulgas, vermifugação, consultas periódicas com o veterinário.

2 – Converse sobre os custos financeiros que o seu animal te dá:

O Instituto Pet Brasil fez uma análise e concluiu que o custo médio de um cão é de R$ 338,76 por mês. Cães pequenos, até 10 kg, gastam um pouco menos, R$ 266,18. Já os médios (de 11 kg a 25 kg), R$ 327,51. Por fim, cães grandes, de 26 kg a 45 kg, possuem um custo mensal médio de R$ 422,59.

Assim, conforme indicado pelo IBGE, se 23,9% das famílias brasileiras vivem com R$ 1.245 mensais o impacto orçamentário pode ser significativo.

Então, é inevitável que em sua conversa com o novo tutor você avalie a situação do impacto dos custos de seu animal na renda do adotante, assim como a motivação de quem adota.

3 – Informe o futuro tutor sobre o temperamento e a saúde de seu animal:

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Na doação de cachorro você precisa ser sincero quanto ao comportamento e saúde do seu animal, bem como fornecer informações precisas sobre o temperamento e tamanho dos pais caso a doação seja de um filhote.

É importante verificar se a família adotiva terá condições de acompanhar, por exemplo, a energia que um animal mais agitado pode proporcionar.

Na doação de cachorro, o fato do novo tutor já ter tido um ou alguns cães é sempre um ponto positivo.

4 – Peça informações sobre outros cães que o tutor adotante já teve:

É importante você avaliar o histórico prévio do adotante com outros cães em seu lar. Portanto, peça informações sobre como o cachorro anterior vivia, com quantos anos ele morreu, se era vacinado, etc.

Investigar sobre o passado do interessado com outros cães pode ajudar muito.

O futuro tutor preferencialmente já deve saber que ração oferecerá ao novo hóspede, onde o animal passará o dia e os demais membros da família devem estar de acordo com a adoção do cão.

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5 – Se possível, visite o local antes da doação do cachorro:

Ainda, se possível, visite a futura morada do seu bichinho. Uma pessoa que reside em um espaço de 25m2 não deveria adotar um dogue alemão, pois possivelmente terá problemas com os vizinhos e também de espaço.  Eu recomendo também que você cobre uma taxa para a adoção, mesmo que simbólica, pois aceitar dar algo em troca do seu amigo tão valioso não deveria ser um problema para quem quer receber um novo membro na família.

Outro ponto importante: lembre o futuro tutor de verificar se o seu condomínio ou o locatário do imóvel de aluguel aceitam pets e se não houve problemas anteriores com vizinhos. De qualquer maneira, solicite que o adotante previna outras pessoas sobre a chegada do animalzinho, pois ele pode chorar e uivar nos primeiros dias de adaptação. 

6 – Aliás, a parte mais importante – o retorno ao lar:

Em todo caso, se for possível, permita que o cachorrinho tenha a possibilidade de ser devolvido a você caso não ocorra a adaptação desejada.

Por fim, desejo que o seu melhor amigo peludo encontre um lar tão ou mais amoroso do que o atual. Abraços e parabéns por fazer uma doação de cachorro mais consciente.

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VEJA TAMBÉM:


Adoção de Cachorro: o amor supera qualquer barreira?

ADESTRAMENTO: será que é isso que seu animal precisa?

COPROFAGIA: uma visão médico comportamental sobre a questão.


clube dos bichos

Médico Veterinário graduado pela Universidade de Brasília (UnB).
Mestre em Patologia Animal pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Atua como Médico Veterinário na área de Bem-Estar Animal (desde 2013) e na área de Medicina Veterinária Comportamental (desde 2016).
Atualmente também trabalha como Analista em Ciência e Tecnologia do MCTIC na área da Saúde.

Site: Dr. Fabiano Borba Guimarães
Instagram: @drfabianoborba
E-mail:
fabiano@dogatwork.com.br


Referências Bibliográficas:

Lauren Powell, L, e colaboradores. Expectations for dog ownership: Perceived physical, mental and psychosocial health consequences among prospective adopters. PLOS ONE. 2018.

Wells, D. L., Hepper, P. G. Prevalence of behaviour problems reported by owners of dogs purchased from an animal rescue shelter. Applied Animal Behaviour Science. 2000.

Crowell-Davis, S. L. Motivation for Pet Ownership and Its Relevance to Behavior Problems. Vetfolio – CompendiumVet.com. 2008.

G1 – Economia: 23,9% das famílias brasileiras vivem com R$ 1.245 mensais em média, aponta IBGE. (04/10/2019). acessado em 10/11/2020.

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