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Vínculo com cães e gatos no período de isolamento.

homem de cor clara com camisa listrada deitado na cama com um cachorro branco e um gato cinza.

Segundo o Ministério da Saúde, em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surgimento de uma nova doença – a Covid-19. Esta foi considerada uma emergência de saúde pública de interesse internacional, com alto risco de se espalhar para outros países ao redor do mundo. E em março de 2020, a OMS declarou a Covid-19 como uma pandemia.

É sabido que as pessoas reagem diferentemente frente a situações estressantes. Dessa forma, o modo como cada um responde à pandemia pode depender de sua formação, da sua história de vida e da comunidade em que vive.

Preocupação com a saúde mental.

Desde o início houve uma grande preocupação com a saúde mental das pessoas frente ao aumento do sofrimento psicológico, dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais que tanto a doença quanto o isolamento social traria para todo o mundo.

Somos seres sociais, não estamos acostumados a viver isolados, principalmente isolados de nossas próprias famílias e foi isso que vimos acontecer, nos isolamos até mesmo daqueles que mais amamos em busca de protegê-los de uma possível contaminação.

O isolamento social alterou os padrões de comportamento da sociedade. Houve fechamento de escolas, a mudança dos métodos e da logística de trabalho com homeoffice, minando o contato próximo entre as pessoas e as formas de diversão, algo tão importante para a saúde mental.

Quais os efeitos do isolamento para as pessoas e seus animais de estimação?

Baseado nessas observações, foi realizado na Espanha, um estudo com o objetivo de discutir sobre os resultados dos efeitos da pandemia de covid-19 sobre as pessoas, seus cães e gatos.

Buscou-se compreender o apoio que as pessoas obtiveram de seus animais nos momentos difíceis e como o vínculo com os animais pode substituir alguns aspectos das relações humanas.

Desde o decreto do primeiro estado de alarme em março de 2020, os animais de companhia tem sido objeto de atenção do público e dos meios de comunicação. Esta atenção toda se deve a 4 motivos:

  1. seu papel como membros da família;
  2. efeitos que as restrições podem ter causado sobre seu comportamento e bem estar;
  3. possível aumento de casos de abandono e redução nas adoções de animais abandonados devido a crise econômica e social; e
  4. possibilidade de que os animais se infectassem com o vírus SARS-CoV-2 e atuar como vetores de transmissão.

A medição do vínculo com cães e gatos.

A relação que se estabelece entre uma pessoa e seu animal de estimação é única e irrepetível. A teoria do intercâmbio social estabelece que qualquer relação pode ser avaliada em termos do balanço entre os aspectos positivos e negativos que supõe a convivência para cada um de seus integrantes.

Quando os elementos positivos superam os negativos, tem-se uma relação que goza de boa saúde. Pelo contrário, se os aspectos negativos igualam ou superam os positivos, a relação entra em risco, podendo se romper.

O que nós veterinários podemos observar em nossa rotina de consultório, é que os relatos das pessoas em relação ao benefício que ter um pet em sua vida traz é muito maior do que as reclamações em relação aos gastos com eles, ao trabalho que dão, a demanda de atenção.

Aliás, como foi a convivência com animais durante o primeiro pico na Espanha.

Três de quatro participantes do estudo indicaram que seu cão ou gato havia sido uma importante fonte de apoio durante o estado de pico.

Durante o isolamento as pessoas aumentaram sua interação com seus cães e gatos, e se sentiram mais ligadas emocionalmente a eles.

O apoio social é um dos fatores mais importantes de proteção da saúde mental e bem estar de uma pessoa. Em relação ao padrão de interação, a imensa maioria dos participantes da pesquisa aumentou o contato físico com seus animais durante o isolamento social.

Neste sentido, conviver com um animal poderia ser para muitas pessoas, uma forma de aguentar melhor as restrições de mobilidade e contato social.

O comportamento dos cães e gatos durante o primeiro pico na Espanha.

Em geral, pode-se dizer que o pico da pandemia afetou o comportamento e adaptação de uma boa parte dos cães e gatos, de forma bem distinta em ambas espécies.

Os cães não tiveram redução no número de passeios diários, mas sim na duração deles. Já os gatos, é importante salientar que eles devem poder decidir com quem estabelecem contato social, em que momento e em que espaço.

Assim, uma manipulação excessiva poderia causar uma forma de estresse para eles. Os dados obtidos durante as primeiras fases da pandemia em países como Espanha e o Reino Unido, confirmam o valor dos cães e gatos como fonte de apoio emocional.

Sem sombra de dúvida, ter um cão ou gato em casa certamente ajudou e muito no período de isolamento social. Aliás, estes foram para muitas pessoas a única companhia na casa, fazendo com que elas se tornassem emocionalmente mais ligadas aos seus animais.

Este apoio social foi um fator importante para a saúde mental de muitos. Certamente, uma forma de aguentar melhor as restrições impostas em um período tão difícil em que todo o mundo passou e ainda vem passando.


clube dos bichos

Catiane Lopes

Médica veterinária graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2012.
Mestre em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2016.
Especialização em acupuntura veterinária pelo Instituto Jaqueline Pecker, em 2013, e pelo Instituto Incisa Imam, em 2018.
Atua como veterinária clínica geral e acupunturista veterinária de pequenos animais.

Instagram: @catianelopes.cl
E-mail: 
catianelopes@yahoo.com.br


Referência Bibliográfica:

Derecho Animal. EL VÍNCULO CON LOS PERROS Y CON LOS GATOS DURANTE EL ESTADO DE ALARMA POR LA PANDEMIA DE COVID-19 EN ESPAÑA. Forum of Animal Law Studies, vol. 11/4.

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